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          Num momento onírico:

          Caminho apoiada em alguém ao meu lado. Visto as suas roupas e penso que são muito grandes para mim, mas gosto delas. Penso que o caminho que estou a seguir é o certo. Era isso que significava? Ou antes que não cheguei àquela versão ainda? Aquelas botas amarelas estavam muito nítidas para uma imagem tão desfocada.

          Encontro-me comigo em sonhos e não me reconheço. Encontro-me a beber um café comigo, mas não tenho o mesmo sexo. Encontro-me de novo, mas já tenho dois filhos. Por nenhuma vez me encontrei, parada ou infeliz. Talvez não ainda, pode não ter sido preciso.

          Encontro-me com o possível "eu" que mais abomino e crescem-me tumores no corpo todo.

          Nem sempre me dou conta destes encontros (os melhores são os mais subtis), às vezes tornam-se memórias até que seja necessário visitar a sua aprendisagem.

          Encontro-me com o mais novo "eu" em palavras que me saem da boca, com uma entoação diferente, mas mais do que familiar.

          Curioso, em ti nunca me encontrei, e houve tanto em ti que aprendi sobre mim. 

          Tantos outros encontros que me fogem à memória, por não existir uma teoria como esta, nem necessidade de descobrir algo mais que fizesse sentido. Era menos complicado, quando a falta de sentido não fazia confusão, mas a verdadeira beleza eu não tinha como compreender.

          Até me perder não eram precisos encontros. Ainda assim vou reparando que não há quem não se perca, nem quem não se (re)encontre completamente diferrente.

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